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Série relembra passagem de Jane Porfírio na Copa Internacional de Mountain Bike
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Série relembra passagem de Jane Porfírio na Copa Internacional de Mountain Bike

Jane conta que o MTB começou como uma diversão
despretensiosa que acabou virando uma paixão.
Fonte e Fotos: Ascom CIMTB / Capa: Caio César Aureliano Na Batida do Esporte

Algumas pessoas não precisam ter uma longa carreira no mountain bike para se tornarem lendas. A convidada da semana da série Lendas CIMTB Michelin competiu profissionalmente por apenas três anos, e mesmo assim marcou o esporte para sempre. Jane Porfírio foi uma das primeiras mulheres a se destacar no mountain bike brasileiro, num contexto de muito preconceito, mas também de muitas conquistas e alegrias.

Jane começou a carreira de atleta profissional com 15 anos no tênis e só descobriu o mountain bike em 1993, com 27 anos, quando a vida de tenista ficou inviável financeiramente. “Na época, eu tinha ganhado um campeonato de tênis, e estava com o dinheiro disponível. Como não ia mais continuar no tênis, resolvi comprar uma mountain bike para passear na cidade e manter minimamente a forma”, lembra Jane.

O que começou como uma diversão despretensiosa, virou uma paixão instantaneamente. “A primeira vez que eu fiz uma trilha, na região do barreiro (região de Araxá com muitas trilhas, onde é realizada a CIMTB Michelin), eu entendi o que me dava alegria. A troca de energia com a natureza, o suor nos braços. Foi o esporte que eu mais amei. Posso dizer que entre 1993 e 1996 foram os melhores anos da minha vida”, conta.

A carreira de Jane começou como um relâmpago. No mesmo ano de sua primeira competição, disputou e ganhou o campeonato brasileiro. No ano seguinte, em 1994, chegou em 4º lugar no Campeonato Mundial, disputado em Cairns, na Austrália. Resultado nunca igualado até hoje pelo Brasil. No mesmo ano, Jane conquistou a medalha de bronze no campeonato sulamericano, que ocorreu em Santiago, no Chile.

Jane estava presente no primeiro evento na Pedra do Sino, em Carandaí, onde nasceu a CIMTB Michelin, em 1996. “Eu ganhava tudo no Brasil. Naquela época éramos só eu e a Adriana Nascimento, praticamente. E eu tinha uma mentalidade muito competitiva. Entrava para ganhar nas competições. Mas eu lembro da primeira vez que perdi para a Jaqueline Mourão, num evento do Rogério (Bernardes, organizador da CIMTB), em Pedra do Sino, em 1996. Fiquei tristíssima”, relembra. “A Jaque é uma pessoa que eu sempre admiro e aplaudo pela atleta que ela é. Ela tem o físico perfeito para o mountain bike. É muito forte”, complementa.

Mas essa não foi a única dificuldade que Jane enfrentou na carreira. Ela conta que, desde pequena, se interessava muito por todos os esportes, mas que sofreu preconceito por ser atleta mulher desde sempre. “Eu sofri muito com o descrédito. As pessoas olhavam para mim e falavam ‘mountain bike é esporte de peão, o que você está fazendo nisso?’. No tênis também aconteceu muito. Só que eu pegava isso e transformava em treino. Eu descontava tudo no paredão e no pedal”, desabafa.

Jane não pode se dedicar por completo aos treinos. Ela se formou em odontologia e trabalhava como dentista entre os treinos. “Eu acordava às quatro da manhã para treinar e chegar às 8h30 no consultório”, conta.

Em novembro de 1996, ela sofreu um acidente grave, com fratura do crânio, e a partir de então, fez a transição para se dedicar à maternidade. “Eu já estava pensando em fazer essa mudança, e o acidente veio para confirmar isso, como um direcionamento”, lembra. Jane se casou e teve dois filhos, mas a vontade de competir nunca foi embora.

“Chegou em um momento da minha vida que eu falei pro César, meu marido, que eu precisava voltar a pedalar, sentir a emoção da largada de novo, me reconectar com a natureza. E eu queria voltar para o mountain bike. Mas, como eu já tinha 43 anos, com filhos, menos destreza e as pistas estavam muito mais difíceis, e preferi ir para o triatlo”, relembra sobre sua segunda troca de modalidade, na qual teve muito sucesso em sua categoria, com um título panamericano em 2010, em Vitória, Espírito Santo.

Além do mountain bike e do triatlo, Jane também representou o Brasil no Cross Triatlo, modalidade em que foi tetracampeã brasileira e medalha de bronze no campeonato mundial, na Espanha.

Atualmente, Jane administra sua escola de tênis, em Araxá, e está planejando construir uma pista de mountain bike em sua casa para treinar. “Quem sabe esses treinos não me dão ânimo para fazer uma corridinha ou outra?”, brinca.

Com toda essa experiência em diversos esportes, ela teve a oportunidade de conhecer e trabalhar com dois ídolos brasileiros: Gustavo Kuerten, o Guga, tricampeão de Roland-Garros, e Henrique Avancini, atual número um do ranking mundial de mountain bike cross-country.

Assim como Guga se tornou ídolo no Brasil e transformou o tênis no país, Avancini tem feito o mesmo para o MTB. “Trabalhei com o Guga em Santa Catarina e com o Avancini aqui em Araxá. Eu acho que todo esporte que tem uma estrela, uma referência como eles, vira uma coisa enorme. O Avancini é uma porta pra muita gente entrar para o mountain bike, assim como o Guga foi para o tênis”, avalia.

Para Rogério Bernardes da CIMTB Michelin, Jane tem uma brilhante carreira no esporte, contagiando e iluminando a todos por onde passa. “Desde o primeiro ano que ela competiu conosco em 1996, minha mãe ficou encantada e no ano seguinte me pediu para que ligasse para ela, convidando-a para voltar a fazenda, mas ela havia parado de competir. Depois de longos anos, quis o destino que a CIMTB fosse para Araxá e nossas famílias passaram a conviver, cultivando uma grande amizade. Além disso, queria destacar que desde o primeiro ano da competição em Araxá, a Jane faz parte da nossa equipe nos ajudando a resolver todos pepinos que aparecem. Outra coisa é que, com a ida da CIMTB para Araxá, o retorno às pistas de mountain bike acabou acontecendo de forma natural e todos ficamos muito felizes”.

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